Sai, neste último domingo, para dar um giro pela minha cidade e contemplar as luzes do Natal que se aproxima. Belo Horizonte, até então, sempre esteve bem iluminada, com suas casas e prédios públicos, ruas e avenidas bem decoradas nessa época.
Vi, quase não muito surpreso, que as decorações natalinas estão escassas, como escasso está o dinheiro no bolso do povo brasileiro.
Escasso está também o bom ânimo que a todos acomete, nessa época mágica do ano.
Escasso está o número de consumidores nos shoppings e nas lojas de rua.
Escasso está o contingente de pessoas circulando entre as gôndolas dos supermercados.
Escasso está o sentimento de esperança dos brasileiros, em relação às perspectivas de um ano melhor. Ou já não seria esta inexistente?
Sobra de montão, entretanto, denúncias de corrupção e demais crimes contra a Administração Pública.
Políticos e empresários inescrupulosos assaltaram os cofres da Nação brasileira, fulminando o esforço do seu povo em construir uma sociedade melhor.
Sobrou para o povo brasileiro o escárnio da sua classe política. A perversidade de certa casta de empresários. O deboche. A ironia. E uma conta absurda a ser paga. Tudo porque alguns homens – verdadeiros genocidas sociais – optaram por dar asas à sua ganância, quando do exercício do munus publico, aliando-se a empreiteiros inescrupulosos, a fim de se locupletarem com o dinheiro dos escorchantes tributos pagos pela coletividade.
Uma indevida privatização da Res Publica!
Em meus 50 anos de vida, fato é que eu jamais contemplei tanta tristeza no período natalino. Tanto desencanto. Tanta falta de esperança. Tanta indignação da população com a (des)ordem ora instaurada em nossa Pátria!
Tudo foi contaminado pelos miasmas pestilenciais que emanam dessa lama pútrida em que se transformou a vida política tupiniquim.
Vejo, lado outro, que não há como culpar as pessoas carentes – mendigas do pão do corpo e da alma –, que confiaram em vãs promessas e entregaram seus votos a esses seres de humanidade questionável. Na esperança de se construir um País melhor os eleitores incipientes e insipientes confiaram em trevosas hienas, que se fartaram com a carne tenra do Erário, roendo-a avidamente até os ossos e agora escarnecem de todos nós, com suas bocarras cheias de dentes.
Afinal, como disse a hiena-mor, o povo terá que se acostumar a comer arroz com feijão e sem carne, novamente. E olha lá se ainda terá condições de comprar esse mínimo, depois de se ter feito uma propaganda ignominiosa, apresentando rústicas panelas cheias de comida.
Do you remember?
Dizem que Deus é brasileiro. Que o Brasil tem uma vocação espiritual e brilhará como farol para a humanidade. Eu hoje tenho lá as minhas dúvidas. Não sou homem de fé cega, mas sim, de fé raciocinada. E a minha razão, na atualidade, impede-me de visualizar alternativas viáveis em um curto espaço de tempo.
Sábias e atuais as palavras de Rui Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”
Todavia, eu ainda continuo a crer na virtude, na honradez e na honestidade. E sei que não sou exceção. Assim como eu, há milhões de brasileiros que assim pensam e procedem.
Talvez o leitor se assuste com as minhas palavras. Deixo, no entanto, claro que não sou um pessimista de carteirinha. O momento nos impede de refletir mais positivamente. Porém creio eu que de todo o mal surgirá algum bem. A sociedade brasileira já percebeu que regimes populistas não são a solução para todo e qualquer problema. Que manter um partido no poder por anos a fio é prejudicial à democracia. E sinceramente espero que mesmo com toda essa lama algo possa dela emergir, reconduzindo o País ao caminho do crescimento. Que o Brasil se torne uma pátria amada por todos, e não uma pátria estuprada por alguns. Que o egoísmo humano ceda lugar na alma do homem público para sentimentos mais elevados. E, como isso é mais difícil, que haja punição dos infratores e restituição dos recursos públicos roubados descaradamente.
No mínimo.
Coemntários
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