O planejamento é a alma do (agro)negócio

  • Por: Amaury Rausch Mainenti OAB-MG nº 86.310
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Em recente matéria divulgada no caderno Agronegócio, do Diário do Comércio (edição nº 23.144, de 14.06.2016), intitulado “Pecuária de corte: Diagnóstico aponta caminhos para o setor”, afirma-se ao final que “(…) a maioria dos pecuaristas não faz planejamento ou qualquer tipo de controle técnico e/ou financeiro da atividade”.

Tal conclusão se chegou em função de estudo realizado pelo Instituto Antônio Ernesto de Salvo (Inaes), a pedido da Comissão Técnica de Pecuária de Corte da FAEMG – Federação de Agricultura do Estado de Minas Gerais.

Nem se pode discutir a máxima: “o planejamento é a alma do negócio”.

Conheço várias pessoas que entendem que o planejamento é desnecessário. Que as coisas devem ser ajustadas à medida que o “barco vá singrando as águas do rio”. Mas e quando as águas encrespam e ameaçam virar o barco? O que fazer, numa situação emergencial?

Infelizmente, impera entre o empresariado uma falsa noção de que agir preventivamente é uma balela. E o improviso se torna a via preferencial por muitos deles.

Da mesma forma que em outros segmentos da atividade econômica, também no agronegócio ocorre o mesmo.

Não podemos aduzir muitas palavras quanto às questões técnicas, peculiares à agricultura e à pecuária. Porém, muitas outras podemos fazer, em relação ao planejamento dos negócios. É possível, sim, você planejar e se cercar de cuidados básicos, minimizando os riscos de erros na exploração de qualquer atividade econômica.

Inicialmente, é necessário criar um planejamento baseado nas seguintes premissas: onde estamos (ponto A) e onde pretendemos chegar (ponto B). Entre estes dois extremos é que você identificará as ações que precisa por em prática, para sair do ponto A e atingir o ponto B, tais como: definição de “nichos” de atuação; visitas a eventos vinculados ao ramo que pretende explorar; adquirir/aprimorar os conhecimentos que você já possui acerca do negócio; estudar e produzir artigos; implantar e/ou aprimorar sistemas de controles sobre os ativos que serão utilizados para a exploração da atividade econômica.

No plano dos sistemas de controle, há inúmeras ferramentas ao seu dispor. Mas duas são essenciais: elaboração de fluxo de caixa e administração eficiente das compras e demais ativos.

Um sistema de controle adequado de caixa, envolvendo as rotinas de pagamentos e recebimentos, deve prever a elaboração de demonstrativos adequados, com manutenção atualizada de conciliações bancárias, a fim de permitir o seu acompanhamento constante, com investigação e resolução das pendências existentes em curtíssimo espaço de tempo (para não dizer de forma imediata), tais como: cheques emitidos e não compensados; depósitos efetuados; transferências; tarifas bancárias; aplicações financeiras etc.

Já em relação às compras e controles de ativos, torna-se necessário uma organização primorosa dos almoxarifados, no sentido de controle e vigilância permanente dos estoques quanto à sua guarda e movimentação, a ser exercido por pessoas treinadas que, por sua vez, ficarão encarregadas de acionar o setor de compras, quando os estoques chegarem ao ponto de ressuprimento (caso não se conte com um profissional específico para tal).

É importante que se tenha controle efetivo sobre ferramentaria e outras espécies de ativos que podem ser facilmente surrupiados, criando para os seus usuários, conforme o caso, termos de responsabilidade quanto à guarda e conservação dos mesmos. Curiosamente, já recebemos consultas de trabalhadores nos indagando se os materiais recebidos “eram deles ou da empresa”, e se aqueles deveriam ser devolvidos, encerrada a relação de emprego.

Uma clara noção dos custos da atividade é imprescindível. Quanto se gasta, por exemplo, para que um animal atinja o ponto de abate? Ou qual foi o custo da minha colheita, considerando-se as perdas? Essas são apuradas efetivamente ou estimadas? Como isso impactará o negócio?

Enfim, há um sem número de situações que podem ser evitadas se o agente for proativo, e não reativo. Adequando-se ao negócio explorado – e particularmente ao agronegócio – algumas medidas de controle, fatalmente se garantirá maior êxito, aumentando a lucratividade almejada.

Infelizmente, não é possível trazer à baila, em curtíssimo espaço, todos os meios que podem ser empregados para salvaguardar os ativos contra o mau uso, aumentando a eficiência e consequentemente os rendimentos da atividade econômica explorada. Mas uma coisa deve restar bem assentada: “o planejamento é a alma do negócio”.

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